Há ainda que perdem um encontro de amigos, perdem uma viagem, perdem o ápice de uma conversa por achar aquela situação ou momento irrisória demais, nao dando a devida atençao...
Se pararmos pra pensar bem ,a vida é uma grande perda, desde os minutos engolidos pelo relógio no início do dia até o avião que acaba de decolar, e você não viu, levando alguém que você nem sabe quando vai ver de novo. E acho que não há perda mais enjoada e indigesta do que essa de perder coisas vivas...
Perder pessoas é um tipo de perda que você não se habitua. Pode-se até aceitar mais facilmente... mas nunca se acostuma, assim como quem se conforma em nunca achar o brinco que tanto gosta no meio das bugigangas...
Quando você perde uma pessoa, não são só os espaços físicos que ficam em branco. Você sente o peso do nada, o que é engraçado. É meio triste quando você perde a unica pessoa que ri daquilo que ninguém mais acha engraçado; que te cutuca muito discretamente e você entende o que ela quer dizer sem que um conjunto de dez palavras precise ser pronunciada; quando você perde alguém que é um pedaço intriseco do seu dia, todos os dias; quando tudo o que existe ao seu redor, começando pelo seu reflexo no espelho para terminar naquilo que você está pensando e que, sem querer, é o seu ultimo pensamento do dia; quando você começa a imaginar, meio desesperado, como faz pra começar uma vida nova; quando você tem tanta coisa pra dizer, pra mostrar, pra entender, e a única coisa que consegue dizer é tchau.
O mesmo vale para o medo... ele também representa a perda diária... a perda pois ficamos inertes com receio de tentar algo novo, o medo de se aventurar em loucuras com receio de estragar o que iria se formando... e ai quando olhamos para trás, nao há "se" mas apenas pensamentos que foram soterrados pelo medo...
O medo também é futurista... faz com que indaguemos se nossos atos hodiernos farão com que no futuro sejamos desfalcados novamente...
É triste, mas é a vida.
" Nossas dúdivas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar." Shakespeare