segunda-feira, agosto 23, 2010

Pensamentos soltos....

Eu tenho essa vontade incontida de mudar o mundo. Por isso, calo. E, pela escrita, escapo de tudo e crio o pano de fundo, o cenário lírico-mítico que me altera. Primeiro, finjo para mim. Depois, para os outros... não... não me entenda como falsa... só tento corrigir meus erros...
Tenho uma  vontade rouca de berrar no silêncio branco.

Apenas para poucos me dou por inteiro. Sou meio partida e meio chegada. Assisto ao real sem trilha sonora, sem edição, sem maquiagem...apenas com sensibilidade .Alimento a coragem para não faltar ousadia. E é pelo medo que garanto o risco. Rabisco no destino. Aprendi a virar páginas.

Tenho ainda uma vontade distante de aproximar as pessoas. E amo tantas, de diferentes maneiras e por diversas razões. Mesmo sem saber. Mesmo sem dizer... 

domingo, agosto 22, 2010

E numa das conversas eloquentes em um local no qual até o prato da refeição era submerso em teor alcoolico... ressurge o tema.....

Uma das descobertas mais duras da vida é a do amor. Ou diria, também, a da paixão. O amor no qual eu acredito não existe. A paixão que desde sempre apostei é um conto dentro de mim. E apenas dentro de mim.

Sou uma cética sonhadora. Um ser à espera do resgate. E ao mesmo tempo em que sinto tanto, em que transporto esta alma de emoções e fantasias,  vagueio silenciosamente pela escuridão da descrença.

O amor só existe nos filmes e nos livros. E onde foi que erramos? Na procura ou no desejo? Na necessidade ou na carência?

Se nunca me apaixonei?... já me apaixonei como nunca, como um sonho.Assumo sempre o risco de uma relação... outro dia mesmo... me permiti apaixonar...

Mas o amor é dificílimo, das aventuras mais vertiginosas de nossa existência, visto que se ele não existe, se está presente tão-somente em imagem, como tocá-lo e medi-lo?

Talvez alguém me faça acreditar, um dia...,  que é possível lidar com este impossível. Eu não sei não ter amor, mas também já me falta força para dar... sem receber. 

terça-feira, agosto 17, 2010

Para viver o agora....

O mundo está cercado de mau humor, de cara feia, de reclamações, de grosserias e desrespeito... Minha percepção talvez seja caótica e apocalíptica. Mas o fato é que no nosso dia-a-dia recebemos menos sorrisos e bom dia do que deveríamos. Tinha de ser lei, cláusula pétrea, as pessoas cruzarem-se na rua e apertarem os olhares.

Por isso quando vejo um romance, quando ouço uma música da qual gosto...ou quando vejo uma criança brincar, o mundo recolore-se pois não há beleza mais profunda que enamorar, repetidamente, a sensibilidade da alegria expansiva.

Soa piegas, eu sei. Porque achamos essa coisa de sentir, muito "demodè". A gente sente medo, sente sede, sente fome, sente que vai chover... mas não sente o que sente, e não permite ser sentido. Por muito tempo eu perguntava qual era o sentido de estar aqui, numa daquelas incursões existenciais que vez ou outra temos-- ou que talvez eu sempreee tenha rsrs- . E talvez a resposta esteja na própria pergunta: sentir.

Então passei a colecionar sentires e este abalo que me toma de impulso no meio da burocracia de gestos. Sinto as dores e os amores alheios; as vontades e os dramas; as vocações e as frustrações. Porque permito me esgotar para encher tudo de novo.

Mais que reunir bens, tenho a ambição egoísta de resgatar a beleza na vida das pessoas... 

quinta-feira, agosto 12, 2010


"Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras; sou irritável e piro facilmente; também sou muito calma e perdôo logo; não esqueço nunca; mas há poucas coisas de que eu me lembre; sou paciente, mas profundamente colérica, como a maioria dos pacientes; as pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão; gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo; nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado? Tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo; se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz; quanto a minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz; outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim - a do mundo grande e aberto; apesar do meu ar duro, sou cheia de muito amor e é isso o que certamente me dá uma grandeza...” Clarice Lispector

terça-feira, agosto 03, 2010

coisas da vida...

Uma amiga chorou o fim de mais um relacionamento. Emprestei meus ombros , ouvidos atentos e afeto exacerbado. Soluções paleativas mas efetivas no momento da dor maior. 

Seu pranto era carregado de culpa, sentimento que nasce de nossa busca por explicações. 

Em determinada idade, todos já passamos por isso. Ficamos de mal com Deus, pensamos que o resto da vida será recheada de dissabores, alguns esboçam dar cabo à própria existência. É irracional. Porém, humano.

Fiquei refletindo após nossa conversa. Por que tanto desespero? Será pelo término das noites de sexo enlouquecido? Ou será por causa do ciúme, de imaginar o ser amado nos braços de um outro qualquer – como já disse Lupicínio? Talvez a ardência pungente aconteça pela recente solidão, que acaba por parecer uma eternidade.

Nada disso! Acredito que a falta maior é dos segredos inconfessáveis ao pé do ouvido. Da ausência daquele que nos conhece mais do que qualquer um. Lamentamos pelas madrugadas no telefone, pelos filmes que assistimos juntos, pelos planos que nunca irão se realizar.Lamentamos pelo passado, presente e futuro...

O fim de uma relação não dói por possessão, amor ou paixão. Dói pela morte da cumplicidade.